Desembarque de caminhões na Lapa - SP.
É comum lermos ou ouvirmos atualmente nos noticiários sobre os inúmeros problemas de logística de transporte no Brasil. O fato é que um território de tamanha extensão como é esse país ainda é carente de uma integração eficiente. O sistema ferroviário do Brasil já foi relativamente extenso, porém praticamente todo voltado apenas para escoamento de produtos para o mercado exterior. Poucas exceções fugiam dessa regra, como o caso da Estrada de Ferro Central do Brasil, que fora projetada prevendo alguma pretensa integração nacional, porém sempre de forma deficitária e limitada basicamente aos grandes centros nacionais (Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais). A partir da segunda metade do século passado, houvera uma mobilização para aumentar essa integração territorial, mas a ênfase foi através do modal rodoviário. O resultado dessa escolha é estampado quase todos os dias nos veículos de comunicação: acidentes, preços caros dos produtos, engarrafamentos e uma série de outros transtornos.
Economia e segurança eram os resultados da união dos modais.
Moderno trem transportando caminhões na Áustria. Prática comum em toda Europa.
Curiosamente, houvera no Brasil uma experiência com esse tipo de relação entre os dois modais. isso se deu primeiramente nos anos 60, e ficara conhecido como "auto-trem". A Companhia Paulista de Estradas de Ferro, já sob controle estatal, a Central do Brasil e a Noroeste do Brasil foram três ferrovias que efetuaram esse tipo de transporte que não me fogem da memória, mas provavelmente isso ocorreu em outras. As estradas na época eram precárias, e algumas empresas achavam mais seguro transportar seus caminhões por trem para alcançar dois pontos distantes. Isso evitava o excesso de desgaste de peças dos caminhões, e ainda aliviava o tráfego nas estradas. A composição contava com vagões prancha modificados para poderem trasportar seguramente os veículos rodoviários, e contava também com um carro de passageiros na ponta, para acomodar confortavelmente os motoristas.
Auto-trem da Central do Brasil, tracionado por uma Escandalosa, no pátio de Marítima, RJ.
Entretanto, bons projetos parecem não vingar no Brasil, e ainda nos anos 60 esse tipo de transporte foi deixado de lado pela CPEF e NOB. Na Central do Brasil ainda teve um ressurgimento em seus últimos suspiros, já na chegada dos anos 90, mas sua privatização pôs fim de vez a esse tipo de transporte. Hoje em dia as empresas ferroviárias alegam não haver consenso entre as transportadoras rodoviárias, e com poucos caminhões para transportar, o trabalho não é rentável. Talvez com esse novo surto ferroviário, agora com um âmbito de maior integração entre os cantos do país, algum dia possamos ver novamente essa medida inteligente de volta. Sobra para nós as imagens e ideias para reproduzirmos em miniatura nas nossas maquetes.
Caminhões sendo transportados pela Companhia Paulista.
Transporte de caminhões da Central do Brasil.